Oi! Sou Juliana e fui convidada pela minha amiga Patrícia, do Dicas de Lisboa, a contar um pouco da minha relação com Portugal. Considero esse convite um desafio, porque não gosto muito de escrever.
Morava em Quixadá numa cidade do interior do Ceará. E nunca tive nenhuma relação ou curiosidade sobre Portugal. Sabia mesmo o básico dos livros da escola. Foi quando uma amiga me apresentou o Miguel, português. E assim iniciou as minhas primeiras impressões outra cultura, um português conquistou o meu coração e no nosso namoro conhecemos a minha família e eu muito da sua cultura que com muito carinho trazia na sua bagagem, iguarias deliciosas. E foi assim que comi o meu primeiro pastel de nata. O Miguel foi o responsável por cultivar Portugal na minha alma.
O meu namorado virou o meu marido e no ano de 2007 resolvemos vir viver em Portugal. Foi uma experiência única, gostei de tudo e o que mais chamou a minha atenção, foi e ainda é e eu acredito que de muitos brasileiros também, a segurança. E depois a diversidade gastronómica que vai muito além das mil e uma maneiras de fazer o bacalhau.
Numa primeira impressão o povo português é fechado parece estar sempre de mau humor, mas logo percebi que são pessoas sérias e amiga do seu amigo. Quando se tem um amigo português é pra vida toda!
“A Graça é liiiiiiiinda, é linda, é linda!”
Tive a bênção de morar num bairro antigo e histórico onde nos cumprimentamos “Olá vizinha!”, costume esse não tão comum nas capitais. E desculpe-me ressaltar, nas capitais europeias. E a vida de um bairrista não fica só por aqui não também é vestir a camisola e gritar “A minha marcha é linda!”, na festa dos santos populares. Uma das celebrações populares mais linda que tive a honra de representar o meu bairro. “A Graça é liiiiiiiinda, é linda, é linda!”
E o que é uma pastelaria portuguesa? Se resume em sair de casa com uma ideia de comprar uma coisa, uma merenda mista, por exemplo, e comer um croissant com doce de ovos. Quem não ficar indeciso diante de uma montra que atire a primeira pedra.
Tudo ocorrendo bem, a minha filha nasceu, consegui um trabalho, mas apertou a saudade de casa. Deu aquele desespero. E no final de 2012, voltamos para o Brasil. Recarreguei as minhas energias. Aproveitei demais a minha família. Brasil é Brasil, né? E toda a sua alegria que não existe em mais lugar no mundo. Mas aí eu já não me sentia em casa. Muitos entenderão o que quero dizer, não tem nada a ver com exposição, status ou poder aquisitivo. É um pouco mais profundo e complexo. Em Lisboa senti que voltei pra casa desde a primeira vez que vim.
Em 2017 centenário do aparecimento de Nossa Senhora de Fátima, fez 10 anos que vim a Portugal pela primeira vez. Toca nos reorganizar e preparar a nossa volta. Foi um misto de emoções. Foi como cortar o cordão umbilical entre a minha filha e a minha família. Custou muito, muito mesmo.
Desta vez Lisboa estava diferente, eu mesma mudei. Os bairros típicos tinham um toque turístico. Portugal estava na moda. O que é ótimo para economia, para o comércio local. Pena que a população ficou um tanto vulnerável. Portugal tem muita tinta para correr, mas eu vou começar por finalizar a minha escrita, e vou deixar bem claro que sempre tive uma família cá. Uma família com “F” maiúsculo. Sei que sem esse apoio tudo seria difícil. E como não ser grata a Deus, não é? Lisboa tem encantos nas ruas, drama nos fados e alegria dos arraiais. Espero que todos encontrem o amor que sinto por esse lugar. Que apesar de nunca ter deixado de ser uma cabocla do sertão, mas que aprendi a amar Portugal.
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